Sou estagiário e este é o meu primeiro emprego, e agora?

Sou estagiário e este é o meu primeiro emprego, e agora?

O mais importante já está: começaste!

A universidade é uma oportunidade para criar a primeira rede de contactos, de aprender conceitos, técnicas e ferramentas que facilitarão o início da vida profissional, mas não é garantia de emprego. Por isso, para as pessoas que não possuem experiência na sua área de formação, mas que apresentam disponibilidade para aprender, o estágio profissional pode ser uma excelente porta de entrada para o mercado de trabalho. 

Num primeiro momento, é da responsabilidade da organização o papel do acolhimento, que consiste em ações básicas, como apresentar os colegas, o posto de trabalho e as funções a serem desempenhadas. Por outro lado, o estagiário deve esforçar-se para aprender a cultura, as regras de convivência e qual a abrangência das suas funções.

Assume-se, em maior ou menor grau, características comportamentais comuns e desejáveis em quem inicia um novo emprego, seja no âmbito do estágio ou não, como a pontualidade, a proatividade, a curiosidade, uma visão holística, além da capacidade de trabalhar em equipa, a comunicação e a disposição para o processo de aprendizagem (aprender a desaprender para aprender) (Cunha et al., 2016).

Entre estes aspetos comportamentais, consideramos que o mais importante é a vontade de aprender, o que inicialmente costuma ser algo mais passivo. Primeiro, porque o estagiário não possui ainda o conhecimento técnico; segundo, porque está numa fase de socialização e adaptação à cultura organizacional, mas também numa nova rotina de trabalho. Aqui, é muito importante estar atento aos sinais para adequar-se ao ambiente: «a leitura do meio organizacional depende mais dos “olhos” de quem o lê do que da “realidade” presumivelmente nele inscrita» (Cunha et al., 2016, p. 178). Por exemplo, saber a hora certa de colocar perguntas e de oferecer e/ou pedir ajuda.

Dar o primeiro passo costuma ser desafiante, pode resultar num misto de emoções e gerar muitas dúvidas. Sendo regra de ouro manter a calma, o estagiário deve focar-se naquilo que é fundamental e, sempre que possível, esclarecer as dúvidas exatamente quando surgem. Também é relevante apontar tudo, tudo mesmo, e, antes de colocar uma questão, ter a certeza que já pesquisou o suficiente, evitando interromper os colegas com as mesmas questões. Ainda assim, é compreensível que inicialmente sejam feitas perguntas já reiteradas, o que é preferível, desde que o erro e o tempo perdido sejam evitados.

É comum o estagiário ter muitas ideias e ânsia de dar sugestões. Contudo, o medo pode, por vezes, tornar-se protagonista e impedi-lo de o fazer. Por isso, é imprescindível que o ambiente de trabalho proporcione segurança psicológica e que seja recetivo a novas ideias, afinal, é expetável que o estagiário possua conhecimentos correntes capazes de se traduzirem em soluções.

Acentua-se que o medo de opinar tem que ver, em parte, com um antigo estereótipo de estágio, pautado numa cultura de “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Tal mentalidade fez com que o modelo de estágio fosse desviado do seu objetivo original – assente numa experiência tácita e explícita de novas aprendizagens – resumindo-se a tarefas de baixo valor ou consideradas desagradáveis pela maioria. Desta maneira, perde a organização por não aproveitar ao máximo as capacidades do colaborador, e também o estagiário por não desenvolver novas competências.

Felizmente, as circunstâncias estão a mudar e a realidade está diferente. Por um lado, o ensino é cada vez mais prático, técnico e autónomo: ou seja, o estudante sai da universidade mais preparado e munido de competências relevantes e mais adequadas ao dia a dia laboral. Por outro, as empresas estão mais aptas e capazes de proporcionar um ambiente seguro para que os colaboradores possam desenvolver as suas funções de maneira mais autónoma, criativa e colaborativa, com a condição de que os resultados sejam atingidos sob a premissa da eficiência e eficácia.

Para finalizar, é inegável que vivemos na era do conhecimento. Logo, para quem acaba de iniciar a carreira profissional e pretende manter o índice de empregabilidade elevado, é imprescindível solicitar feedbacks aos colegas e líderes, manter-se ativo através da aquisição de novos conhecimentos e da vivência de novas experiências. Além da conscientização de que o futuro é importante, mas o mesmo começa no presente. Logo, são as ações de hoje que determinarão o desenvolvimento da sua carreira profissional amanhã!

Referências:
Cunha, M. P., Rego, A., Cunha, R. C. & Cardoso, C. C. (2016). Manual de comportamento organizacional e gestão. (pp. 185-227).  8.ª ed. Lisboa. Editora: Rh, Lda

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