Por Ana Clara Pimenta, Culture, Engagement & Internal Communication Manager | People, Culture & Sustainability da OGMA, Embraer Group
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Cada vez se fala mais de salário emocional. E ainda bem. Porque o que leva uma pessoa a escolher uma empresa e, mais importante, a querer continuar nela, vai muito além do ordenado no final do mês.
Benefícios como tempo para a vida pessoal, flexibilidade, bem-estar, autonomia, ou simplesmente sentir que somos vistos e valorizados, deixaram de ser um nice-to-have. Tornaram-se condições essenciais para que o trabalho faça sentido.
Mas atenção: o salário emocional não substitui o salário real. Deve, antes, ser encarado como um diferencial importante, mas apenas quando a base está assegurada. Se há instabilidade ou se as necessidades mais elementares não estão cobertas, dificilmente um ambiente descontraído ou um dia de folga extra serão suficientes para compensar.
A verdade é que não existe uma receita universal. Cada pessoa vive uma realidade diferente, o que faz sentido para mim, pode não fazer para ti. Alguns irão valorizar a flexibilidade para cuidar da família, outros o crescimento profissional, e haverá ainda quem queira apenas mais tempo e menos pressão. O importante é escutar genuinamente e ajustar sempre que possível de forma a individualizar e adaptar as experiências às necessidades reais de cada pessoa. Não há uma solução única.
E não chega fazer bem. É preciso mostrar que se faz. Muitas empresas oferecem coisas fantásticas como programas de bem-estar focados no apoio psicológico, dias de férias extra, momentos de partilha ou teambuidings… Mas se ninguém souber, se não for vivido ou percebido no dia a dia, o impacto perde-se. Cultura também se comunica. E salário emocional só existe quando é sentido não quando é apenas anunciado.
O foco não deve estar em “reter talento”, como tantas vezes se ouve. As pessoas não são para reter, são para cuidar. E quando o ambiente é bom, quando existe reconhecimento, transparência e espaço para crescer, elas ficam porque querem ficar.
No fundo, o que todos procuramos é isto: um lugar onde seja possível trabalhar com cabeça e com coração e no fim do dia, as pessoas não ficam por contratos, ficam por vínculos.