Quem Cuida, Forma: O Segredo para Reter Talento na Hotelaria

Quem Cuida, Forma: O Segredo para Reter Talento na Hotelaria

Por Esmeralda Correia, Human Resources Director da Blueshift

“Em hotelaria, cuidar de quem serve é tão importante quanto cuidar de quem é servido.”  Robert K. Greenleaf em “The Servant as Leader”

Num setor onde tudo gira em torno da experiência do cliente, há uma verdade que muitas vezes esquecemos: antes de impressionar os hóspedes, é preciso cuidar das equipas. E é aqui que a formação contínua e individualizada ganha um papel absolutamente central na hotelaria.

Todos os dias, profissionais de hotelaria lidam com exigências elevadas, ritmos intensos e uma necessidade constante de adaptação. É um setor onde o detalhe faz a diferença e onde o capital humano é, verdadeiramente, o maior ativo. Por isso, investir na formação não é apenas estratégico, é essencial.

Mais do que cumprir requisitos legais ou preencher quotas, formar é demonstrar compromisso com as pessoas. É dizer a um rececionista, a um empregado de mesa ou a um chef: “acreditamos no teu valor e queremos ajudar-te a crescer connosco”. Esta mensagem tem um impacto direto na motivação, no sentido de pertença e, claro, na retenção.

Mas a chave está na personalização. Formação em massa pode resolver necessidades pontuais, mas é o desenvolvimento individualizado que faz a diferença. Cada colaborador tem um percurso, ambições e pontos fortes únicos. Respeitar isso é reconhecer o talento em todas as suas formas. E isso, na hotelaria, faz-se sentir, no sorriso mais genuíno, no serviço mais atento, no detalhe que transforma uma estadia em memória.

É também uma forma de combater um dos maiores desafios do setor: a rotatividade. Quando há oportunidades claras de evolução e aprendizagem, o colaborador tende a ficar, a envolver-se, a contribuir com ideias e entusiasmo. Ou seja, a formação torna-se um motor de motivação, lealdade e excelência operacional.

A construção de uma cultura de aprendizagem contínua não precisa de ser complexa. Precisa, sim, de ser genuína, planeada e alinhada com os objetivos da organização e das pessoas que nela trabalham. Pequenas formações práticas, mentoring interno, planos de desenvolvimento personalizados, tudo conta.

Em hotelaria, cuidar dos que cuidam é a base para um serviço verdadeiramente memorável. E a formação é uma das formas mais sólidas e humanas de o fazer.

A pergunta, por isso, não é se devemos investir na formação. É como podemos torná-la num pilar da cultura de excelência que o setor exige, e que os nossos profissionais merecem.